CRÍTICA Capitã Marvel | Apesar de problemas, Capitã Marvel voa alto! (Sem spoilers!)

Depois de muito hype que fez qualquer fã achar bem difícil manter as expectativas baixas, Capitã Marvel chega aos cinemas brasileiros hoje.

Temos história de origem, referências e mais referências ao Universo Cinematográfico Marvel, ação estilo anos 1990, humor na medida certa e respostas a alguns dos principais questionamentos dos filmes Marvel. Mas cabia tudo isso em um filme só?

Assim como aconteceu entre os principais críticos, o filme deve dividir algumas opiniões. Enquanto a falta de determinados elementos pode deixar o longa com uma sensação de "filme de suporte", outros garantem que a nova produção Marvel voe, e voe alto!

A crítica abaixo não contém spoilers de Capitã Marvel.

Apresentando Carol Danvers

Capitã Marvel

Somos apresentados a Carol quando sua identidade já é Vers. Guerreira Kree membro da equipe militar Starforce, sem memórias anteriores aos últimos seis anos.

Enquanto as cenas em Hala e outras partes do universo passam, nossa ansiedade - depois de todos os trailers e comerciais - se volta para a chegada de Carol à Terra e seu encontro com Nick Fury. E isso não decepciona!

A química na dinâmica entre Brie Larson e Samuel L. Jackson - parceria que já havia acontecido em filmes como Kong: A Ilha da Caveira - é paupável. Talvez só não supere a segunda parceria de Nick Fury: Goose!

Personagens nem tão secundários assim

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Brie Larson brilha no papel de Carol Danvers (sem trocadilhos)! Essa é Carol. Nada de heroína perfeitinha. Teimosa, ligeiramente arrogante, com um humor sarcástico e que não pretende deixar ninguém lhe dizer do que é ou não capaz de fazer.

Mas os personagens secundários brilham tanto quanto, e isso é um dos trunfos do filme. Lashana Lynch exala sensibilidade como Maria Rambeau, uma personagem que tem como características sua força e sua coragem.

Monica Rambeau vai muito além da criança engraçada e parece anunciar que o futuro do MCU pode ser incrível.

O jovem agente Coulson tem pouco tempo de tela, mas é o suficiente para gostarmos ainda mais do personagem.

Nick Fury traz uma pegada cômica de ação dos anos 1990 que nunca vimos antes no ex-agente da S.H.I.E.L.D., mas que nos deixa com vontade de ver mais do seu passado, para entender como ele se tornou o cara sério e fechado que conhecemos lá em Homem de Ferro.

Ladrões de cena

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Ainda no assunto personagens secundários, precisamos falar sobre Talos e Goose!

É difícil imaginar como um ator conseguiria passar tanta emoção por baixo de toda a maquiagem necessária para se construir um Skrull. Mas Ben Mendelsohn consegue fazer isso com Talos.

Com Goose já é outra história. Como colocar um gato, vamos dizer, incomum em uma história de super herói e não deixar a coisa toda bem ridícula? Exatamente como foi feito em Capitã Marvel.

O bichano rouba todas as cenas em que aparece, e a vontade que temos é de fazer como Fury: colocá-lo no colo e dizer que ele é lindo (sim, Fury faz isso)!

Os problemas

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Talvez um dos maiores problemas da história de origem de Carol Danvers seja o fato de que o filme também é uma história de origem de Nick Fury, dos Kree, dos Skrulls e de outras partes-chave do MCU sobre as quais não vamos dar spoilers aqui.

A dificuldade é: como ter espaço para tudo isso? Dessa forma, algumas partes do filme parecem meio corridas. Alguns fãs podem ficar incomodados, por exemplo, com a velocidade da evolução da heroína (embora a Marvel tenha achado uma forma de justificar isso).

Com a quantidade de pequenas histórias, algumas correm o risco de serem apenas isso, pequenas. A própria Starforce está bem apagada... Junte a isso todas as referências a outros filmes do MCU, e o longa pode parecer, para alguns, mais um filme de apoio do que uma produção que se sustente independentemente.

E o vilão?

Capitã Marvel

É um fato, a Marvel nos deixou mal acostumados com vilões como Loki, Thanos e Killmonger. Depois desses personagens, não vamos mais engolir antagonistas com motivações fracas.

Como é feito em Capitã Marvel, então? O vilão não é apenas um personagem, mas toda a atitude que impera em uma determinada sociedade. A forma como tudo é abordado é, inclusive, uma crítica ao imperialismo de muitos governos.

Para alguns, isso pode ser mais uma das boas decisões que os diretores Anna Boden e Ryan Fleck tomaram para o longa. Para outros, a falta de um personagem que represente todo esse mal, um vilão central, digamos assim, pode fazer falta.

O feminismo

Capitã Marvel

Não temos muito a falar sobre isso, e isso já diz tudo. Não é sobre fazer apenas filmes que falem sobre a desigualdade para grupos alvos de preconceito (embora produções do gênero também sejam fundamentais e louváveis!). Mas é também fazer filmes em que a igualdade exista. Ponto. Representatividade.

Capitã Marvel nos apresenta uma heroína que desafia todos os "as meninas não podem fazer isso" e às vezes brinca com esse girlpower. Uma melhor amiga cuja feminilidade e o papel de mãe e profissional não são questionados. E uma menina que se espelha na coragem e na força da mãe.

Vai ser interessante perceber a reação das audiências mais jovens ao filme.

O legado Marvel

Capitã Marvel MCU

Embora Capitã Marvel se passe antes de quase todos os demais longas que compõem o Universo Cinematográfico Marvel (MCU), este filme é apresentado aos fãs com o peso de 10 anos de produções cinematográficas que, entre elogios e críticas, conquistaram o coração dos fãs e construíram uma narrativa interligada única no cinema.

Como fazer então mais uma história de origem parecer original? Como competir com vilões como Killmonger e Thanos?

É aí que está, a exemplo do que Carol fala no filme sobre não ter nada a provar, Capitã Marvel parece não tentar se provar melhor que seus antecessores. E, ainda assim, se estabelece como uma valiosa adição ao MCU, que promete muito mais na nova fase da Marvel nos cinemas!

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e é mestre em Comunicação, Arte e Cultura pela Universidade do Minho (Portugal). Nerd desde que se entende por gente! Há cinco anos escreve sobre filmes, séries e personagens que habitam as tantas maratonas que faz durante o ano. Indicadora de séries do grupo de amigos, conversa sobre história, ciência e tecnologia com o mesmo empenho com o qual discute TikTok, memes e super heróis.