Saiba porque Obsidian recusou fazer um jogo de Game of Thrones

Game of Thrones é, hoje em dia, uma das franquias com mais sucesso de sempre. Porém, em 2005, os livros ainda não eram muito conhecidos. Naquela época, a Electronic Arts ofereceu uma parceria a Obsidian Entertainment para desenvolver um game baseado na história de George R. R. Martin, mas o estúdio recusou.

Em uma entrevista dada a Eurogamer, o CEO Feargus Urquhart explica o porquê de não ter aceitado desenvolver esta ideia.

Mais estratégia do que role-play

knights

A Obsidian Entertainment é conhecida por ser a criadora de games famosos como Fallout: New Vegas, Star Wars: Knights of the Old Republic II e, mais recentemente, Pillars of Eternity.

Quando esta oportunidade apareceu, a empresa estava tentando consolidar seu nome no desenvolvimento do gênero RPG. Logo esse foi seu primeiro plano para adaptar a história de As Crônicas de Gelo e Fogo. Urquhart, fã da saga desde 1996 e grande conhecedor da trama, explica:

"Para além das coisas estranhas que se passam do outro lado da Muralha, e dos dragões, e um pouco de magia, não existem usuários de magia, não existem clérigos, não existem ladinos. Basicamente existem caras com espadas e armaduras e um pouco de misticismo, mas no território principal (os Sete Reinos) não existem goblins, não existem kobolds..."

A falta de diferentes classes para o jogador escolher seria um entrave no desenvolvimento de um RPG. Isso e o fato da trama e os personagens já estarem bem desenvolvidos e detalhados. Urquhart continua:

"Olhando para trás, a única coisa que poderíamos ter feito é o mesmo que a Bioware havia feito com Knights of the Old Republic. Basicamente disseram a eles que não se podia tocar nos Episódios 1 a 6, por isso eles foram até ao passado longínquo. E mesmo assim algumas coisas já haviam sido escritas sobre essa altura no Universo Expandido (de Star Wars). Com o George R. R. Martin não havia mais nada... podíamos ter feito isso."

Na verdade, Obsidion acabou tentando fazer algo parecido com a franquia Senhor dos Anéis. A empresa sugeriu a ideia de um spin-off, em que o game seguisse uma Irmandade a norte que auxiliasse a Irmandade original na sua missão. Mas, entretanto, a Warner acabou comprando a Snowblind e desenvolvendo The Lord of the Rings: War in the North (2011) usando essa ideia sozinha.

Urquhart fala então de uma possibilidade que faria mais sentido para o estilo de história oferecida por As Crônicas de Gelo e Fogo, mas que a empresa não tinha interesse em desenvolver na época:

"Por isso talvez houvesse algo que pudesse ter sido feito, mas nós começamos a pensar em um RPG de mundo aberto, e queríamos que nossos jogadores tivessem importância no mundo. Nessa época (games de estratégia em tempo real) eram mais relevantes e eu disse 'eu apenas não sei como poderíamos fazer... isso parece mais um game RTS'. Você tem diferentes facções e coloca intriga política pelo meio."

Outras adaptações:

telltale

Existiram outras empresas que resolveram arriscar. Em 2011, a desenvolvedora francesa Cyanide tentou fazer exatamente o que Urquhart sugeriu. Eles criaram Game of Thrones: Genesis, um RTS passado séculos antes dos eventos dos livros. Porém, infelizmente, o game não teve sucesso devido ao seu fraco desenvolvimento.

Mais recentemente, a Telltale Games, especializada em games de narrativa, adaptou Game of Thrones em uma série muito bem recebida, contada na perspetiva de uma família nortenha obscura.

Talvez Obsidian escolhesse de modo diferente agora, mas em 2005 a febre da série da HBO ainda não tinha se alastrado. Ficam agora as esperanças dos fãs de que, talvez no futuro, possam experienciar as suas próprias aventuras em Westeros.

Sara Gomes
Sara Gomes
Com cerca de 10.000 horas passadas a salvar Azeroth, essa garota ainda tem tempo para se aventurar em variados RPGs e games de ação. Hoje em dia, ela se encontra em licença sabática, aproveitando a vida de fazendeira em Stardew Valley.