Crítica Animais Fantásticos 2: Bom e empolgante, mas com erros

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas brasileiros nesta próxima quinta-feira, 15. O Aficionados, contudo, já conferiu o filme e separou alguns pontos positivos e outros negativos nesta crítica.

Cenas visualmente incríveis, novas criaturas fantásticas, a doçura de Newt Scamander e referências ao universo de Harry Potter dividiram as duas horas de tela, por vezes, com um excesso de diferentes tramas que deixou bons personagens apagados, uma surpresa não muito boa ao final (e uma outra de tirar o fôlego!) e algum fanservice (embora bem menos do que alguns apontavam!).

A crítica abaixo não contém spoiler.

Uma cena de abertura fantástica

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Provavelmente boa parte dos espectadores pensaram o mesmo ao ver a cena inicial do filme: nunca poderíamos imaginar que uma cena de fuga pudesse ser tão bonita.

O pouco que os trailers adiantavam da fuga de Grindelwald do Ministério da Magia Americano não deixaram escapar a grandiosidade dessa primeira cena. A sequência, inclusive, parece marcar o clima que o resto do filme vai ter. Escuro, pesado, com sentimentos de angústia e falta de comunicação. 

Com uma fotografia de tirar o fôlego, o longa parece tornar real a magia da qual os fãs de Harry Potter sentem tanta falta.

Mais Animais Fantásticos que Harry Potter sim!

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Embora alguns tenham apontado que todas as novas referências ao universo de Harry Potter fazia deste segundo filme algo mais próximo a Harry Potter e mais distante da essência de Animais Fantásticos em si, não é esse o sentimento que o filme parece deixar no espectador.

Durante a primeira metade do longa, somos apresentados a várias e incríveis novas criaturas. O tempo dedicado a elas, inclusive, deve ser um dos poucos pontos da trama do longa que "anda com mais calma".

Além disso, o destaque entre os personagens, em termos de tempo e desenvolvimento, fica para Newt, Leta, Credence e Grindelwald; todos personagens explorados na franquia Animais Fantásticos, não em Harry Potter.

Aqueles que forem ao cinema esperando ver um Dumbledore em ação, inclusive, vão se decepcionar um pouco (mas só um pouco, Jude Law está incrível no papel), pois o bruxo definitivamente não é o foco deste segundo filme.

Muitas tramas e personagens apagados

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Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald nos envolve em tantas diferentes tramas, que nenhuma delas parece receber o destaque que merece. A grande quantidade de informação e a falta de tempo para explorar tudo devidamente fizeram com que alguns bons personagens ficassem apagados.

Em todas as suas aparições, Tina se mostra um personagem forte e de peso, mas sentimos falta de uma maior participação da auror. Nagini então... deve ter umas três falas no filme.

E é justamente essa quantidade de tramas e novos personagens importantes ainda não bem explorados que faz com que o longa passe o sentimento de meio de filme, ou episódio de uma série que deve continuar na próxima semana. Ele mais desenha novas situações e problemas do que os resolve.

Personagens que surpreendem

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O desenvolvimento de Newt é algo bem agradável de assistir. No decorrer do longa, Eddie Redmayne consegue fazer com que gostemos cada vez mais do magizoologista.

Zoë Kravitz também se saiu melhor do que as fotos liberadas do longa nos faziam esperar que acontecesse. O que parecia uma expressão sempre sonolenta nas imagens, no cinema é percebido como a tristeza que a personagem vive.

O peso que Johnny Depp traz para o terrível Grindelwald é inegável. A dissimulação, o charme, os discursos usando a violência da Segunda Guerra Mundial como justificativa para suas atitudes preconceituosas "Por um bem maior". O fascismo usado no personagem fica claro em diversas situações.

Decepção ou surpresas para os próximos filmes?

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Dois personagens tiveram seu desenvolvimento bem abaixo do que os fãs poderiam esperar. 

Um deles teve tão pouca justificativa para aparecer, que mais parecia um fanservice apenas pelo fanservice. Mas será? Esse personagem em questão está em cenas com diálogos misteriosos, sobre desdobramentos que provavelmente só veremos nos próximos filmes.

Já o segundo personagem teve um final - neste filme - tão decepcionante (principalmente pela falta de justificativa plausível e por um desenvolvimento fraco...) que a possibilidade de que exista algo a mais por trás de sua trama é, na verdade, uma esperança de que a franquia não desperdice seu potencial.

Uma terceira aparição muito aguardada foi, na verdade, um cameo, uma participação. O que deve ganhar desenvolvimento no próximo filme, neste pareceu apenas fanservice, e ainda contrariou a linha do tempo dos livros de Harry Potter (seguimos no aguardo de uma explicação de J.K. Rowling...).

Continua...

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Foi o que parecia estar faltando ao final do filme, uma mensagem de "Continua...". Contudo, isso é um problema? Incomoda, com certeza, mas este segundo filme é parte de uma saga de cinco longas e os espectadores sempre souberam que há mais histórias a serem contadas depois dessa.

É importante considerar também que o filme se propõe a nos levar novamente ao universo mágico criado por J.K. Rowling, algo que faz com louvor, por meio de cenas de tirar o fôlego, referências históricas, novos personagens cheios de potencial (ainda que para o próximo filme) e muitos Animais Fantásticos (sempre bom ver os Pelúcios de novo!).

Finalmente, a outra proposta da franquia era nos apresentar uma nova história desse universo, e isso também foi entregue. Na verdade, uma história permeada por várias outras, que terão mais três filmes para serem exploradas.

Mesmo deixando a sensação de se tratar mais de um "meio de um gigante filme" do que um filme com uma trama independente, o longa empolga, com certeza vai arrancar muitos sorrisos dos espectadores e deixá-los (muito!) ansiosos pela continuação da saga.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas no dia 15 de novembro.

Atualizado em
Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e é mestre em Comunicação, Arte e Cultura pela Universidade do Minho (Portugal). Nerd desde que se entende por gente! Há cinco anos escreve sobre filmes, séries e personagens que habitam as tantas maratonas que faz durante o ano. Indicadora de séries do grupo de amigos, conversa sobre história, ciência e tecnologia com o mesmo empenho com o qual discute TikTok, memes e super heróis.