Game of Thrones | A Batalha de Winterfell foi a melhor da série?

Desde o final da 7ª temporada de Game of Thrones, os fãs do seriado aguardam pela decisiva batalha que influenciaria o destino de toda Westeros. Os dados da produção, apresentados pela HBO, falavam de algo épico, de dimensões tão grandes que a transformariam em um evento único na história.

Apesar de ter momentos muito emocionantes, que fizeram qualquer fã urrar de empolgação, muita gente ficou com uma sensação de que o episódio acabou não preenchendo as expectativas. E a pergunta que ficou foi: essa foi a MELHOR batalha em Game of Thrones?

ATENÇÃO: texto com SPOILERS do 3º episódio da 8ª temporada

Tamanho não é documento!

Batalha dos bastardos

Os números da produção da Batalha de Winterfell são impressionantes: o confronto, que ocupa a maior parte do episódio, levou 55 dias (noites, na verdade) para ser completamente filmado. A duração das cenas que compõe o embate superam os 40 minutos da Batalha do Abismo de Helm, de Senhor dos Aneis: As Duas Torres!

Okay, tínhamos tudo para esperar algo realmente espetacular, não é? Mas não foi exatamente assim. Apesar de todo o apelo dramático e toda emoção e carinho que temos pelos personagens envolvidos na batalha, algo que foi construído ao longo de 8 temporadas, a cena peca em muitos aspectos.

Vamos começar pelo visual: já era de se imaginar que a luta contra o Rei da Noite aconteceria à noite e que haveria neve por todo lado. Apesar dessa ser uma escolha acertada do ponto de vista narrativo, a dificuldade em enxergar o que se passava na tela frustrou muitos espectadores, que esperavam conseguir ver cada detalhe do que estava acontecendo. Em alguns takes é simplesmente impossível distinguir qual personagem estamos acompanhando.

Neste ponto, a dimensão da batalha também não ajudou: a produção apostou em tanta grandiosidade que ficava difícil de compreender o andamento do combate. As cenas focadas nos personagens principais se intercalavam de uma maneira confusa em relação ao todo, ficando difícil perceber quão dramática estava a situação.

Quando menos é mais

Batalha de Blackwater

Game of Thrones já mostrou que é capaz de filmar cenas de combate bem intensas, dramáticas e bem estruturadas com bem menos do que o que se tinha à disposição para a Batalha de Winterfell. Você pode estar se perguntando: mas o que faz uma cena de combate ser incrível? Embora não haja uma resposta pronta pra isso, ficam aqui alguns pontos pra se analisar.

A primeira é a estratégia. Vamos lembrar, por exemplo, da Batalha de Água Negra: nós sabíamos que Tyrion tinha um plano para tentar evitar uma derrota iminente. A produção nos conseguia fazer entender, em cada cena, onde aquilo se encaixava no que os personagens tinham planejado fazer.

Na Batalha de Winterfell, apesar de terem nos mostrado qual seria a estratégia usada no episódio anterior, temos a sensação de que ninguém tinha a menor ideia do que estava fazendo. Claro, o inimigo é muito mais astuto e poderoso mas, ao final, a sensação que fica é de que as forças de Westeros não tinham um planejamento para enfrentar os mortos.

O segundo ponto é a escalada dramática. Olhemos para a Batalha dos Bastardos: à medida que o confronto se desenrola, vamos tendo uma escalada de tensão, até chegar ao ponto máximo, em que tudo parecia estar perdido, e as tropas de Vale são trazidas por Sansa para salvar o dia. Nós conseguimos sentir, a cada minuto, a situação ficando mais tensa, até que atinge seu auge e tem um desfecho.

No episódio do último domingo não se tem essa sensação. Primeiro, temos os Dothraki cavalgando contra o exército dos mortos e sendo completamente destroçados (sem que possamos ver nada). É anticlimático e, desde o primeiro minuto, temos a impressão de que tudo está perdido e que ninguém tem a menor ideia do que está fazendo.

Um terceiro ponto são os cortes nas cenas. Voltemos à Batalha dos Bastardos: conseguíamos compreender perfeitamente onde estava cada personagem em cada momento do combate, mesmo quando eles não estavam na tela. Mesmo intercalando entre planos maiores, que mostravam os exércitos de forma mais distante, e planos mais fechados, a cadeia de eventos é bem encaixada e não deixa o espectador perdido.

De volta à Batalha de Winterfell. Além do combate como um todo, são muitos pontos de interesse para serem mostrados. Praticamente todos os principais personagens estão ali e a vontade é de saber exatamente o que cada um está fazendo. O problema é que, ao colocar cada personagem isolado, fica impossível entender como está a situação geral.

E os dragões?

Dragões GoT

Um dos grandes trunfos do exército dos vivos eram os dragões de Daenerys. A grande complicação era sabermos que o Rei da Noite também tinha seu dragão e que, provavelmente, veríamos um embate das feras.

O enfrentamento chega a acontecer, mas fica confuso e perdido no meio de tantos acontecimentos. E, enquanto não estamos vendo os dragões se enfrentarem, a sensação que se tem é de que as feras de Daenerys e Jon não participam tanto quanto poderiam da batalha.

Por um lado, é interessante ver que nem tudo se resolve com fogo e dragões. Por outro, a sensação de que poderiam ter sido mais influentes nos rumos da batalha incomoda. Com exceção de uma ou outra cena, a impressão que fica é que os dragões foram bastante secundários como um todo.

Os pontos positivos

Arya Stark

O episódio teve pontos positivos que realmente equilibraram a balança. Talvez o maior deles seja o bom uso das cenas individuais de alguns personagens, especialmente de Arya Stark, Melisandre, Theon Greyjoy, Lyanna e Jorah Mormont.

Vamos começar por Lyanna e Jorah. Os representantes da família Mormont provaram que são tão incríveis quando alardeavam. Ambos morrem de maneira heroica no episódio e cumprem papéis decisivos na batalha dentro dos seus pequenos espaços.

Theon Greyjoy fecha sua jornada de redenção dando a vida por Winterfell, o lugar onde se sentia verdadeiramente em casa. Toda sua participação no episódio foi bem construída, terminando o arco do personagem de uma forma honrada e em paz com seus erros do passado.

A Feiticeira Vermelha foi outro personagem que voltou de forma triunfal. Assim como Theon, Melisandre cometeu coisas horríveis no passado e era difícil entender quais eram seus verdadeiros interesses na série. O episódio de ontem mostrou do que ela é capaz e quão crucial sua participação era.

Por último, a grande estrela do episódio: Arya Stark. Todo mundo já sabia o quão incrível a jovem era depois de ter passado por tudo o que passou na série. Toda a sua participação no episódio é bem construída, desde sua interação com Sandor Clegane até o golpe fatal no Rei da Noite. Foi muito emocionante ver todo o crescimento dela ao longo das temporadas resultar em um feito tão incrível!

Saldo Geral

Batalha de Winterfell

A sensação que temos ao final é de que o episódio acabou se perdendo um pouco em sua própria grandeza. Embora não deixe de ser emocionante e recheado de momentos em que nossos personagens mais amados brilharam, a produção parece acertar melhor nas narrativas individuais apresentadas ao longo do capítulo do que no conjunto da batalha.

Game of Thrones pode ter feito história pela grandiosidade da cena, mas o que vai ficar marcado no coração dos fãs são as pequenas narrativas que permearam o episódio. As participações individuais de alguns personagens foram muito mais emocionantes do que o batalha em si.

Por fim, a Batalha de Winterfell pode não ter sido a melhor da série mas, embora não seja visualmente tão incrível quanto a Batalha dos Bastardos ou surpreendente quanto a Batalha da Água Negra, ela cumpre seu papel narrativo e eleva a expectativa para o final da série, agora com o foco voltado para o conflito entre os vivos.

FIQUE POR DENTRO:

Game of Thrones | Acompanhe aqui os acontecimentos da 8ª temporada!

Game of Thrones | Bran revela verdadeira intenção do Rei da Noite

Game of Thrones | Atriz que vive Melisandre fala sobre sua volta para oitava temporada

Atualizado em
Daniel Schiavoni
Daniel Schiavoni
Prefere Rohan a Gondor, Greyjoys a Starks e Batman a Superman, mas ainda não se decidiu de que lado da Força está.